A “Doroteia” subiu ao palco
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A peça, apresentada pela Companhia de Teatro de Braga, é uma denúncia, em tom sarcástico, contra a cultura e o fundamentalismo, que alimentam o sofrimento e a doença. Retrata, por outro lado, o enorme conservadorismo ainda existente em torno da questão da sexualidade, e a violência dos paradigmas do matriarcado, na sua acepção mais católica e mediterrânica.
Uma verdadeira sátira que nos faz repensar no marasmo do sistema em que estamos inseridos. Uma sociedade segregadora, vítima do constrangimento do pecado, do sentimento de culpabilização, e da ausência de uma consciência livre. Uma sociedade dita justa e democrática, mas onde a mulher não tem poder para decidir sobre o futuro da sua própria vida, tratada como criminosa, sob o implacável moralismo no que respeita à despenalização do aborto. Pensemos então nesse fundamentalismo, sem fundamento algum, instalado no poder. Um instrumento manipulador, antagónico face à liberdade do pensamento, repressor e envelhecido. Numa mistura inquietante de trágico e cómico, “Doroteia” é o retrato lacónico de uma sociedade resistente à mudança, presa ao passado e às amarras limitadoras do crescimento intelectual e humano.
Pela qualidade do guião, do elenco, da encenação, e do espaço cénico, foi uma ida ao teatro que merece ser contada.
2 Comentários:
Às 18/1/07 02:52 ,
Stéphane Pires disse...
Pelos vistos, e confiando no teu bom gosto e sensibilidade(ta claro k confio), mais uma bela peça da Companhia.
Parabéns a todo o elenco, desde os actores até ao encenador.
bj
Às 22/1/07 13:46 ,
Anónimo disse...
«sou tão linda que sozinha no meu quarto seria amante de mim mesma» esta frase ficou;) fui ver ontem a peça.Parabéns sobretudo ao elenco!
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