Irmandade da Alheira

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sexta-feira, janeiro 26

Um Homem chamado Mandela

Tomo a liberdade de dizer que este homem é um verdadeiro senhor, símbolo do triunfo da esperança e da dignidade sobre o desespero e o ódio. Dedicou a sua vida à oposição ao regime do apartheid (política de segregação racial), existente na África do Sul, comprometido desde sempre com uma política de não-violência.
Em 1964 é preso pela polícia sul-africana e condenado a prisão perpétua, sendo mantido encarcerado até 1990. No ano da sua libertação, o regime do apartheid é finalmente abolido por Frederik de Klerk (presidente da África do Sul entre 1989 e 1994 e último branco a assumir a presidência do país).
Em 1993, Nelson Mandela e Frederik de Klerk recebem o Prémio Nobel da Paz, “Pelo seu esforço conjunto para acabar de forma pacífica com o apartheid”.
Ouça-se a voz , a voz de quem lhe presta homenagem...
Johnny Clegg, Asimbonanga

6 Comentários:

  • Às 26/1/07 02:43 , Blogger nuno rodrigues disse...

    leandra, por favor! não violência?!! talvez um pouco mais de informação não te fizesse grande mal. quantas manifestações sangrentas?! quantos linxamentos públicos?! enumerá-los é um bom desafio! e em relação ao de klerk...! mas o botha é bem mais a imagem do que tens defendido! vá lá, informa-te lá. e o mandela é uma imagem do fim do aparthaid, e é sem dúvida uma grande figura, mas achas mesmo que é, por si só, a revolução e o fim do apartheid. fez-se muito sangue e fez-se muito sangue com a razão para que hoje pontos de vista como o teu possam apreciar a figura com esse sentimentalismo todo. podias, pelo menos, tentar enriquecê-lo. uma pequena dica: soheto, joanesburgo.

     
  • Às 26/1/07 15:28 , Blogger Leandra Vieira disse...

    É uma pena que não possamos ter um confronto de ideias mais descontraído e diplomático, sem parecer que estamos nós próprios em guerra, e sem ter de se recorrer a um tipo de argumentação tão desconstrutiva.
    Foi precisamente a partir da história e de todo o seu contexto que formulei a minha apreciação à conduta do Sr. Mandela, nomeadamente, no que respeita ao seu esforço para acabar de forma pacífica com o apartheid (relembro que o meu post não era sobre a guerra em si, mas sobre a posição de um homem face a ela). Rios de sangue correram, infelizmente, ou não existissem na história tantos exemplos de radicalismo.

     
  • Às 26/1/07 20:33 , Blogger nuzuze disse...

    Zipelili bongano bamina, unga Kuati (boa noite meus amigos, não se zanguem). Quando disparas com as tuas palavras, afinal contra quem estás tu a disparar? É impossível desmantelar o apartheid de um dia para o outro. Vai ter que se ir desmantelando todos os dias o que demorará gerações. Com "verdade e reconciliação". As Townships humanizam-se não com facas e pistolas mas com programas sociais, com escolas, com formação profissional e emprego, com diálogo, com empowerment. A alternativa seria o banho de sangue, a guerra civil que o Mandela evitou. Um homem que criou pontes onde muitos só viam muros. Felizmente que houve o Homem certo (com carisma, sem qualquer rancor, um unificador) para o momento certo. Não me parece que seja uma questão de "sentimentalismos" mas de uma bomba-relógio que existe e que se explodir mesmo vai mesmo tudo de caralho! Ambanini (adeus) my friends.

     
  • Às 26/1/07 20:48 , Blogger nuzuze disse...

    Especialmente para os amantes da fotografia e da África Austral (se os houver) deixo uma lista de alguns bons tintos maduros (pesquisem no google):

    Jurgen Schadeberg
    Ilan Ossendryver
    David Goldblatt
    Ricardo Rangel
    Kok Nam

    Para os restantes, que o xiquembo nzuze (e não nuzuze como erradamente aparece, esse espírito que reside nas lagoas) vos desperte esse feeling. Ou não.

     
  • Às 30/1/07 01:02 , Blogger nuno rodrigues disse...

    hei xiquembe. não faça ideia de quem sejas, mas agrada-me a tua resposta. mesmo assim... qual é, afinal, a grande novidade? verdade, reconciliação, o apartheid como um problema contínuo - não na africa do sul, mas é à escala global - unificar, ocupar, globalizar, absorver, colonizar, segregar, ostracizar... parece-me a dor secular do mundo ocidental que tende a ser subvertida sempre que nos toca a culpa a cada um de nós. de facto não sei muito sobre a africa do sul, apenas o que vou ouvindo por aí. e o que ouço são, geralmente, os relatos das façanhas empreendedoras dos emigrantes portugueses que, acompanhados por outros colonos (ingleses, alemães, holandeses, italianos,...), fizeram questão de ter o 'preto' à porta de casa para os proteger do ataque dos nativos deserdados, desapropriados, e expelidos - muitas vezes seus próprios companheiros que o dinheiro não consegui comprar - para lugares como o soweto (uma interessante contracção das palavras da frase - so, where to?! acho que não precisa de uma grande análise para ser entendido!). muitos desses colonos deram corda ao sapatinho com a queda do botha. ainda bem que apareceu alguém como o mandela e mais uma pequena multidão para construir e fazer parte das pontes, destruir os muros e para lhes limpar a consciência. nada de surpreendente, parece-me. não tivemos nós o direito à nossa evolução?!
    em relação à sugestão de vinhos desperta-me um feeling estranho...um pouco... tenho a sensação que os nomes me soam europeus de mais para a bela áfrica austral. bem, aquele 'ricardo rangel' poderá ser nativo, mas os outros... hum, não sei, tenho sérias dúvidas. )))))
    leandra, diplomacia não é respeito. bem longe disso! é, muitas vezes, só uma das formas de mastigar.

     
  • Às 31/1/07 10:41 , Blogger nzuze disse...

    Nuno. Repara bem no que escreveste:
    “- unificar, ocupar, globalizar, absorver, colonizar, segregar, ostracizar... parece-me a dor secular do mundo ocidental que tende a ser subvertida sempre que nos toca a culpa a cada um de nós”
    Será o Mundo assim tão simples como tu o segmentas: Mundo Ocidental/brancos/europeus/ricos/maus/opressores contra negros/africanos/pobres/ bonzinhos/vítimas. O que achas que fez Chaka Zulu ou o Gungunhane se não “unificar, ocupar, globalizar, absorver, colonizar, segregar, ostracizar...” as etnias vizinhas. Que projectos humanistas tinham eles para os supostos «irmãos africanos»? Os homens foram escravizados (pelos próprios africanos) e as mulheres passaram a constituir objecto de propriedade. Os europeus deram à escravatura uma dimensão mais globalizante, mas foram eles que a inventaram? A escravatura em África é muito anterior à chegada do Europeu e é, aliás, um fenómeno tão antigo como a Humanidade. Achas que os africanos não beneficiaram com a escravatura? Sabes quem eram os negreiros? Repara que o africano é filho de escravos e neto de traficante de escravos. Sabes quem fez a ocupação colonial? Como é que achas que um país tão pequeno como Portugal conseguiria colonizar Angola e Moçambique sem a colaboração de milhares de africanos? Esse fenómeno foi tão intensamente africano, que o historiador como René Pélissier escreveu que Moçambique se auto-conquistou.
    Hoje em dia, achas que os zulos mais radicais do Inkata têm projectos humanistas para com os Xhosas?

    Soweto constitui um conjunto de townships a sudoeste de Joanesburgo e resulta da abreviatura de South Western Townships. São, na sua origem, uma versão racial dos bairros proletários dos arredores de Londres, Manchester ou Liverpool.

    “muitos desses colonos deram corda ao sapatinho com a queda do botha.”. Mais uma vez o Mundo não é assim tão simples por dois motivos: 1) a África do Sul conquistou a sua independência ainda o Botha era uma criança, logo já não haviam colonos quando ele perdeu as eleições para o ANC 2) O Botha é sul-africano. Nasceu na África do Sul, tal como, provavelmente, o seu pai e o resto da família. A maioria dos sul-africanos euro-descendentes são sul-africanos há várias gerações. Conheço muitos (inclusive afrikanders) que falam as línguas locais. Conheço muitos negros que só falam línguas europeias! 3) Na Namíbia e no Zimbabué, o discurso político populista e racista contra milhares de empreendedores (zimbabuanos ou namibianos) euro-descendentes (detentores de know how, capital, iniciativa), conduziu ao desinvestimento maciço e ao descalabro económico do país. O povo do Zimbabué vive hoje numa situação dramática! Em lutas de elefantes quem sofre é o capim. Insisto, se no Zimbabué ou em Moçambique tivesse existido um Mandela – em Moçambique houve o Mondlane mas a PIDE (com a colaboração da própria Frelimo, repara, para veres a perversidade da política, inclusive dos supostos bonzinhos e salvadores) encarregou-se de o assassinar - a situação económica do povo destes países era hoje bem melhor. Para esses milhares de anónimos, a dita independência ainda está por vir.

    “em relação à sugestão de vinhos desperta-me um feeling estranho...um pouco... tenho a sensação que os nomes me soam europeus de mais para a bela áfrica austral. bem, aquele 'ricardo rangel' poderá ser nativo, mas os outros... hum, não sei, tenho sérias dúvidas. )))))”

    Partes de vários pressupostos ilusórios: 1) Imaginas mais uma vez uma “bela África austral”, pura e imaculada, avessa a conflitos internos, perfeita na sua origem e pervertida pelo homem branco. Enfim, um cliché na Europa. Tens de facto que a visitar para compreenderes as relações de amor-ódio. Aquele “Ricardo Rangel poderá ser nativo, mas os outros…” Essa é o discurso assente no preconceito racista do “originário”. Como se o africano tivesse que ser “negro” (pessoalmente gosto mais castanho), pois só a melanina lhe dá a “sensibilidade africana”. O facto de um homem ter nascido no país, de falar as línguas locais, de ter amigos de várias culturas não é relevante? Esse discurso é a mesma coisa que dizer que os filhos da Naide Gomes, do Costinha, do Abecassis ou da Sofia de Melo Bryener não são nativos. Muitos como tu, na ânsia de não quererem ser conotados de racistas, de quererem parecer abertos e progressivos, africanistas, acabam por adoptar um discurso racialista que vai recuperar todos os velhos preconceitos coloniais (nativo, originário, beleza africana). Um assunto para pensares (descansa que não és só tu).

    Mas pronto, clica em
    http://www.iluminandovidas.org/ e verás fotógrafos de todas as cores: castanhos escuros e claros, amarelos e beges. E não te esqueças: Os homens nascem sem “raça”, só depois se tornam brancos, negros, amarelos ou vermelhos. Sim: “cada homem é uma raça”.

     

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