Irmandade da Alheira

A comunidade da República da Alheira partilha experiências, emoções, sensações, ideias e, às vezes, alheiras. Proporcionaremos também "mesas redondas" e tertúlias virtuais.

sábado, abril 21

"A BOLA", o agora e o depois...

Segundo os dados divulgados recentemente pelo Bareme da Marktest, relativos ao primeiro trimestre de 2007, “A BOLA” é o jornal diário com mais leitores por dia em Portugal. Deste estudo não fazem parte os jornais gratuitos ( Destak ou Metro) que lideram, obviamente, no que respeita ao número diário de leitores. O estudo mostra que “A BOLA” conta em media com, perto de, 800 mil leitores diários, mais precisamente 797.895.
Também a edição on-line deste desportivo lidera, contabilizando mais page views do que a soma das edições on-line do Record e do Correio da Manhã, que vêm atrás de “A BOLA”, no estudo da Marktest.
Líder de audiências nem sempre é sinónimo de qualidade, o que é comercial nem sempre é bom. Mas uma coisa é certa, dentro do jornalismo desportivo que se exerce no nosso país, “A BOLA” é indiscutivelmente o diário de maior qualidade e ainda que presa ao estigma de “pasquim encarnado” produz um jornalismo sério, adaptado às peripécias do mundo do futebol e ao seu público particular. Talvez o maior problema de “A BOLA” seja não querer, ou não poder fugir à cultura de um povo, que quando se fala em desporto só pensa em futebol, e que quando se fala em futebol só pensa no Benfica, no Porto ou no Sporting, dependendo da cor clubística a que se pertence. E assim, deverá continuar o exercício jornalistico deste órgão, até que as gerações dos 40 para cima desapareçam, porque, depois disso, o público-alvo passa a ser outro. As novas gerações também gostam de basquetebol, de ténis ou de automoblismo, de futebol internacional. Quero acreditar que também gostem menos das polémicas da arbitragem ou das contendas entre os nossos “respeitosos” dirigentes futebolísticos, também espero que nessa altura sejam de outra estirpe.
Bem, até lá vamo-nos mantendo assim, não descuidando uma espreitadela a um novo horizonte.

7 Comentários:

  • Às 23/4/07 03:00 , Blogger nuno rodrigues disse...

    olá steph! foi pena não ter podido estar em braga quando estiveste. fica para a próxima. ...e que se em breve!
    quanto a este post, tenho que discordar. é claro que a cor clubística me leva a não ser grande fã d'a bola', mas parece-me facil entender que grande parte da seriedade no jornalismo tem que ser atribuida à imparcialidade. assim como me parece fácil entender que que 'a bola' não é o melhor exemplo de imparcialidade. seja qual for o fenómeno popular que o cause, a seriedade nem sempre, ou raramente, anda de mão dada com a orientação economica populista, principalmente a analisar pelo estado actual da comunicação social. a nova orientação do jornal 'o público' é o exemplo da decadência acelerada do jornalismo de referência, ou sério.
    parece estar cada vez mais comprovado que a tática de preparar e entregar já mastigadas as noticias às audiências mostra resultados económicos num páis, e num mundo, que cada vez mais precisa exactamente do contrário. é o mediatismo a alimentar o suave adormecer da consciência crítica desta gente, já de si em sono profundo. tudo vem já acontecido, ou criado, pensado, analisado e empacotado, ou encadernado. é só deixar os olhos deixarem-se estarrecerem-se no choque que o cérebro não se move para tentar entender, ou mesmo já não consegue de entorpecido.
    mas é um mal geral da comunicação social. programas, revistas e afins para sopeiras e para e ensopar outras tantas, tretas sobre celebridades, entusiastas discussões desportivas, novelas com os seus dramas inconsecuentes e as rebeldias de uma adolescência que, à parte da que conseguiu criar - e que se tornou grande o suficiente, nunca existiu.
    enfim, quando tudo é puro entertenimento deixa de exitir a necessidade de entertenimento e a realidade assume outros contornos ...os do entertenimento vazio que a criou! é como um corte geral de electricidade. até que a terapia abranja o próprio terapeuta. é surreal!!
    humm, tom waits é um belo cenário de fundo!

     
  • Às 23/4/07 18:38 , Blogger Stéphane Pires disse...

    Olá Nuno! Não nos encontramos no fds, mas no enterro estarei por aí pra beber umas cervejolas da nossa aposta!
    Relativamente ao teu comentário ao post, concordo quando dizes que, em jornalismo, seriedade terá de ser sinónimo de imparcialiadade. Mas, por vezes, a parcialidade pode estar imbuída num contexto de seriedade, e aí, será que o produto noticioso deixa de ser sério, porque a parcialidade aparece aqui ou ali. Suponhamos: uma determinada notícia pode conter um grau elevado de seriedade, com declarações de fontes, com abordagem aos diferentes contornos da questão em causa, mas ainda assim, pode não ser imparcial. Um título pode fazer toda a diferença, uma imagem, ou uma legenda, independentemente do texto ir de encontro àquilo que realmente é noticia. Sendo assim, não se deixou de fazer um jornalismo sério, falou-se com os actores sociais, investigou-se e publicou-se com a consciência de que não se lesou nenhuma das partes. Mas ambos sabemos do poder da imagem, ou das letras gigantescas a negrito...e aqui é que, frequentemente, a parcialidade decide aparecer. Não raras as vezes, o que está em causa é o enfoque dado a um determinado assunto, ideia ou personalidade. Não posso considerar que um artigo que vai de encontro à raíz jornalística, que foi bem trabalhado, mas que no título ou numa imagem denota uma certa, diremos assim, “tendência”, possa ser observado como tendo falta de seriedade. Podemos alastrar este exempo de apenas uma peça para todo um órgão e a sua orientação editorial. Quando disse que “A BOLA” praticava um jornalismo sério, ainda que adaptado ao [mundo do futebol], quis e quero dizer com isso que todo o trabalho jornalistico desenvolvido neste jornal, na investigação e na recolha, vai na sua essência de encontro às regras básicas do exercício jornalistico. A diferença está na “exposição” do produto final. O benfica tem a capa e mais de 10 páginas e o Porto tem cerca de metade, mas não quer dizer que a matéria relativa ao Porto tenha uma abordagem “do contra”, algo errónea, nada disso, há imparcialidade nos textos relativos ao FCP, se leres poderás comprovar isso. O destaque é que é outro, em especial na capa, que muitas vezes é o que vende e que nem sempre é reflexo do que vais encontrar no interior. Pessoas dotadas de espirito crítico, experiência pensada e vivida saberão perfeitamente decifrar que as razões comerciais têm o seu peso, mas que esse fardo nem sempre define se o jornalismo é bom ou mau, serio ou falso, parcial ou imparcial.

    Abraço

     
  • Às 28/4/07 12:54 , Blogger nuno rodrigues disse...

    steph, fica combinado para as cervejas.
    em relação à tua resposta, tenho alguns problemas em concordar. as tendencias editoriais existem, de facto. mas não têm que ser expressas nas notícias. p jornal 'público' costumava ser um bom exemplo disso. como é sabido pertence à sonae e, exceptuando as notas do editor e alguma publicidade à empresa, distinguia-se pela isenção e seriedade. actualmente o cenário está bem diferente, parece-me obvio.
    de qualquer forma, acho que não se deve correr o risco de deixar a análise da noticia ao jornalista e à crescente tendencia sensacionalista e economicista. assim como não me parece haver grande seriedade quando um titulo, uma imagem ou uma legenda são tendenciosos, sejam qual for o fim. se não sairem lesados os actores sociais sai, concerteza, a seriedade e a própria função informativa.
    é cada vez mais um facto que parte da educação e formação de uma sociedade passa pela comunicação sicial. e, se esta tendência é crescente, a qualidade do serviço prestado pela comunicação social está em movimento inverso. em decomposição acelerada. então é obvio que a sociedade não tem muito a beneficiar com o sensacionalismo, as perspectivas económicas e as tendências aleatórias - ou nem tanto - dos meios e personagens da comunicação social.
    quando leio uma notícia quero fazer a minha própria anlálise, o que pode já ser suficientemente tendencioso, mas não me cabe a mim a responsabilidade social da notícia. tem que ser uma fotografia do acontecimento ainda a analisar pelos olhos de cada um. é nessa diferença de análise que reside todo o interesse. acredito que todos temos essa capacidade sem precisam do auxílio do relator. pode ser uma questão de auto-estima, mas...

    abraço

     
  • Às 4/5/07 15:53 , Blogger Stéphane Pires disse...

    O teu pensmento, aqui exposto, vai de encontro àquilo que no plano teórico é uma premissa do jornalismo, daquele que é rigoroso, imparcial e isento. Contudo, do ponto de vista prático, as coisas ganham outros contornos. Quando falo em uma certa "tendência" num título, numa foto ou numa legenda, não me refiro esfecificamente a uma “tendência” política, clubística ou religiosa, mas por e simplesmente ao lado humano da notícia, no fundo, ao toque pessoal do produtor do conteúdo. A tua perspectiva de que o jornalista não deve ter essa interferência, que muitas vezes vai ao encontro de razões populistas ou economiciastas, dá muito que pensar. Não nos podemos esquecer de que é o jornalista quem dirige o produto noticioso, estou a falar de um trabalho de raíz, começado e acabado por este, não de notícias feitas através de outras, de resumos. Mas sim daquelas em que o jornalista investiga sobre o assunto e desenvolve o seu trabalho, falando com os intervenientes. Numa simples conferência de imprensa, a acção humana do jornalista é fundamental para o percurso e apresentação final do produto noticioso. As noticias não se fazem. São feitas. Há aqui uma grande diferença. A tal “tendência” que referi pode surgir do facto do jornalista querer remeter o leitor para um determinado sentido ou assunto, a parir daí, o leitor terá a capacidade de por si próprio interpretar e raciocinar da maneira que lhe parecerá mais coerente. Não podemos, nem devemos subestimar o leitor ou o espectador. Agora, é óbvio que terá de haver uma adaptação ao público-alvo, se assim se pode falar, sem se cair numa desinformação. Se é verdade que a comunicação social tem cada vez mais um dever pedagógico perante a sociedade actual, também é verdade que esse papel pedagógico só poderá existir se esta conseguir chegar ao público. E por vezes, o caminho perfeito não é o mais indicado. Não queremos perder leitores, e ambos sabemos que o jornalismo "demasiado" rigoroso, na nossa sociedade, se torna também elitista. Não nos podemos equiparar com os exemplos do jornalismo efectuado em países nórdicos, como na Suécia ou na Finlândia, belos exemplos de jornalismo isento, rigoroso e desligado do poder, regulado por empresas jornalisticas autónomas. Na Suécia, cerca de 80% da população lê diariamente jornais. Aqui, o cenário é bem diferente.

    Abraço

     
  • Às 5/5/07 13:53 , Blogger nuno rodrigues disse...

    olá steph

    é um facto que o cenário é e, parece-me bem, continuará a ser diferente.

    não concordo com a tua perspectiva sobre a acção pedagógica da comunicação social. a nossa leandra era capaz de usar aqui um provérbio chinês. diz: 'ao pobre não lhe dês o peixe. ensina-o antes a pescar.' aplica-se bem ao caso, excepto uma leve diferença. neste assunto não há quem se possa considerar rico, mas há bastante margem para empobrecer.

    faz sentido falar em público-alvo quando existem alternativas e diferenciação na orientação dos meios de comunicação social, mas a tendência geral é uniformista, sabes bem. deixará entar de se falar de público-alvo? será que é aqui que encaixas o conceito de jornalismo para as elites? não faz qualquer sentido dizer que o jornalismo rigoroso e sério é elitista! mas porquê?! então, hoje em dia, ou se fala das 'elites' (a generalização da imprensa côr-de-rosa) ou se é elitista?! não acho que faça qualquer sentido.

    mas este blog é bem a prova de parte daquilo que referes. é um pouco surpreendente e desapontante que, num blog maioritáriamente composto por futuros profissionais da comunicação social, estejamos apenas os dois a debater isto. ah, isto para não falar no nosso sociólogo. ;) o que é então a elite?!...

    mais um grande abraço...

     
  • Às 9/5/07 19:11 , Blogger Stéphane Pires disse...

    Olá Nuno!

    Bem, antes de reatar o nosso interessante debate, tenho a dizer que estou de acordo contigo, no que respeita à letargia que se instalou neste blog. Quando decidi criar este espaço, o objectivo passava, também, por proprcionar debate e discussão dos mais variados factos e ideias. Assim vem referenciado no cabeçalho do blog. E se as pessoas não acham interessante esta temática debatida entre nós, poderiam muito bem conferenciar sobre outros assuntos. Fosse o desaparecimento da miúda no Algarve, a vitória do Sarkozy em França, a recta final do campeonato de futebol ou o cartaz do enterro da gata. Mas é certo que, se incialmente o irmandade da alheira foi um espaço de histórias, videos, sentimentos e animação, agora, até essa vertente se perdeu. Esquecimento? Desleixo? Desmotivação? Não sei...
    Passando agora ao nosso debate, começo por dizer que não consigo interpretar a tua ideia em relação à acção pedagógica na comunicação social. O provérbio chinês citado fala em "ensinar a pescar" ou seja, a comunicação social deve também ensinar algo, não há aqui uma contradição no teu pensamento? Gostava que me esclarecesses isso.
    Quanto ao público-alvo e à falta de diferenciação que achas que existe nos média, discordo.Qualquer órgão tem um público-alvo, mais definido ou menos explícito, mas ele existe. E existe de acordo com a orientação do órgão. Cada órgão, cada orientação. Cada orientação, cada público-alvo. Não creio que se possa falar numa "tendência geral uniformista”. Vamos a exemplos, na imprensa: a orientação do Público é bem diferente da protagonizada no Correio da Manhã, os leitores habituais também são distintos, o público-alvo terá obviamente que ser diferente. Algo de semelhante acontece se compararmos o DN com 24 Horas, ou até o DN com o JN. Não vejo uma orientaçãouniformista nos cinco diários generalistas. A maior semelhança talvez esteja entre o Público e o DN, com a diferença de que o jornal dirigido pelo José Manuel Fernades dá mais espaço à opinião do que o DN.
    No que respeita à correspondência do jornalismo rigoroso ao leitor elitista, quis com isso dizer que na nossa sociedade (portuguesa) esse jornalismo tão rigoroso, tão sério (na maneira como é apresentado e não na maneira como é produzido, porque defendo a seriedade no processo jornalístico)não cativa uma grande maioria, que já por si nem tem muitos hábitos de ler imprensa. Daí que o jornalismo mais alegórico venda mais. Acho que tem que haver uma adaptação ao público-alvo, mas de uma forma reflectida e pedagógica, também. Não defendo um Correio da Manhã como exemplo ideal de jornalismo para o grosso da sociedade. Mas creio que um JN chega mais facilmente ao povo do que um Público. Mas cada um preenche o seu espaço e tem o seu público. É a tal questão do comercial...

    Grande abraço!
    Até breve

     
  • Às 9/5/07 23:13 , Blogger nuno rodrigues disse...

    hallo steph,

    agrada-me que estejas de acordo comigo sobre o resto da comunidade deste blog. a apatia abateu-se... chega a questionar as leis de newton. não há mesmo reacção, característica que até os corpos inertes possuem.
    de qualquer forma... quando falo de pedagogia na comunicação social refiro-me ao poder educativo da informação. quero dizer que me parece bastante benéfico que a informação seja libertada de forma crua e deixada ao cuidado do raciocínio de cada um. à capacidade de cada um de formar a sua própria opinião, sem ter primeiro de filtrar o que é factual e o que é treta. sendo assim, poupa-se o trabalho do jornalista de direcionar a informação conforme as conveniências económicas e/ou sociais, e há-de acabar-se por ter uma informação credível e popular em simultânio. parece-me tarefa fácil.
    o 'público' está a ser descaracterizado, isto é a tendência e deves sabê-lo melhor que eu. descaracteriza-se o 'público', recaracteriza-se o seu público.
    mas quando falo de comunicação social não me refiro só ao jornalismo. nem será este o caso mais grave! a popularidade da morangada, floribelas, novelas de tubarões - que afinal, dizem os rumores, era uma sardinha! - e outras que tal não abonam muito em favor do raciocínio, portanto do indivídio e, em consequência, da sociedade.
    há dias ouvi no programa do antónio barreto na rtp uma boa explicação para os baixos índices de leitura da população portuguesa. dizia que isto se deve ao facto de a televisão ter aparecido, em portugal, antes de a população ser literada. bastante razoável, não?! o programa é excelente e é emitido à terça à noite, à mesma hora que o tubarão, ou outro predador qualquer.

    o ser humano distingue-se de outros mamíferos principalmente por duas características: o
    tele-encéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor.
    a comunidade deste blog é portuguesa, portanto seres humanos!;)

    espero-te cá nos próximos dias.
    um óbvio grande abraço

     

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